O iodo é um micronutriente essencial envolvido na síntese dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), fundamentais para o desenvolvimento do cérebro e para a regulação do metabolismo em todas as fases da vida. Pesquisas recentes reforçam que a ingestão adequada de iodo tem impacto direto no desempenho cognitivo, influenciando funções como memória, atenção, linguagem e capacidade de aprendizado.
Relação entre iodo, tireoide e cognição
Durante a gestação e a infância, o cérebro é especialmente sensível à disponibilidade de iodo. A deficiência nesse período pode causar retardo mental, dificuldades de aprendizagem e redução do QI médio populacional, sendo uma das causas mais preveníveis de comprometimento cognitivo no mundo.
Mesmo níveis leves a moderados de deficiência podem afetar o rendimento escolar e o desenvolvimento neurológico. Por outro lado, o excesso de iodo também pode interferir na função da tireoide, levando a condições como hipotireoidismo ou hipertireoidismo induzidos.
Fontes alimentares e políticas de fortificação
A principal estratégia global para prevenir a deficiência é a iodação do sal de cozinha, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, alimentos como peixes marinhos, frutos do mar, laticínios e ovos são boas fontes naturais.
Estudos populacionais recentes indicam que, em países com programas de iodação bem implementados, os níveis médios de iodo urinário — marcador de ingestão adequada — encontram-se dentro da faixa ideal recomendada (100–199 µg/L em adultos). Isso confirma que a maioria da população está consumindo quantidades adequadas de iodo, reduzindo o risco de comprometimento cognitivo relacionado à deficiência.
O equilíbrio é a chave
O desafio atual não é apenas prevenir a deficiência, mas manter o equilíbrio entre consumo adequado e excesso. Monitoramentos regulares e campanhas educativas continuam sendo essenciais para garantir que toda a população — especialmente gestantes e crianças — receba quantidades ideais desse micronutriente.
Confirmando o consumo adequado de ido
A confirmação do consumo adequado de iodo é um indicador positivo de saúde pública e um fator protetor do desempenho cognitivo coletivo. 🧪 1. Avaliação laboratorial – Excreção urinária de iodo (iodúria)
O método mais utilizado e confiável para avaliar o consumo de iodo é a concentração de iodo na urina, pois cerca de 90% do iodo ingerido é excretado pelos rins.
Em estudos populacionais, o indicador principal é a mediana de iodúria (em µg/L).
< 100 µg/L → indica deficiência de iodo
100–199 µg/L → consumo adequado
200–299 µg/L → consumo mais do que adequado
≥ 300 µg/L → possível excesso
💡 A OMS recomenda que, para considerar uma população com ingestão adequada de iodo, pelo menos 50% das amostras urinárias devem estar entre 100 e 199 µg/L e menos de 20% abaixo de 50 µg/L.
⚠️ Em nível individual, a iodúria isolada não é tão confiável, pois a concentração pode variar de acordo com o horário, hidratação e dieta recente. Por isso, são preferíveis médias de múltiplas amostras ou exames complementares.
Avaliação da função tireoidiana
A confirmação indireta do consumo adequado também pode ser feita por meio de exames hormonais, que indicam o funcionamento da tireoide:
TSH (hormônio estimulante da tireoide)
T4 livre (tiroxina livre)
T3 (triiodotironina)
Valores dentro das faixas de referência sugerem que o corpo está recebendo iodo suficiente para manter o equilíbrio hormonal. Alterações nesses parâmetros podem indicar deficiência ou excesso de iodo.
Avaliação dietética
Outra forma de estimar o consumo é por inquéritos alimentares (como recordatórios de 24h ou questionários de frequência alimentar), avaliando:
Uso de sal iodado no preparo das refeições
Frequência de consumo de peixes, frutos do mar, algas, laticínios e ovos
Uso de suplementos com iodo (em gestantes ou veganos, por exemplo)
Esses dados ajudam a identificar padrões alimentares que podem levar à deficiência ou ao excesso.
Monitoramento populacional
Em saúde pública, o monitoramento contínuo do estado nutricional de iodo é fundamental. Isso envolve:
Análises periódicas da iodúria em amostras representativas da população
Controle da iodação do sal (nível de iodo adicionado pelas indústrias)
Vigilância de grupos de risco, como gestantes, lactantes e crianças pequenas
Assim, a confirmação do consumo adequado de iodo combina análises laboratoriais (iodúria e hormônios tireoidianos) com avaliações dietéticas e de políticas de fortificação.
Manter níveis dentro da faixa recomendada é essencial para:
Garantir o funcionamento saudável da tireoide
Promover o desenvolvimento neurológico e cognitivo
Evitar distúrbios associados à deficiência ou ao excesso de iodo

